RIO - Cerca de 50 pessoas, entre estudantes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (Rural) e integrantes de movimentos LGBT, realizaram, nesta quarta-feira, uma manifestação contra a homofobia no campus da instituição, em Seropédica (RJ). O protesto se deu em virtude de uma ameaça sofrida por dois universitários homossexuais na madrugada do dia 19 de outubro.
Rodrigo Tavani, aluno de Ciências Sociais, e um estudante de Zootecnia que preferiu não se identificar moram no quarto 531 no alojamento N5 e teriam sido ofendidos por um morador heterossexual, do curso de Geologia, quando entravam no banheiro coletivo para tomar banho.
- O agressor estava tomando conta da porta do banheiro para a namorada, o que já não é permitido por ser um alojamento masculino. Mal nos despimos para tomar banho, e ele começou a gritar muito nervoso que era para nós sairmos e que não ia tomar banho com viado e que estava se sentindo ofendido por nós o estarmos desrespeitando - conta Rodrigo.
O universitário diz que, em seguida, ele e seu amigo foram para o quarto e trancaram a porta com medo:
- Fechamos a porta para nos protegermos, mas ele pegou um pedaço de madeira e começou bater na porta gritando que nós estávamos expulsos do andar. Disse que se tentássemos tomar banho de novo com ele lá, ele ia jogar a gente pela janela. Os moradores do andar incentivaram com gritos e risos.
Segundo Rodrigo, eles foram socorridos por um integrante do diretório central dos estudantes, que os levou até a guarda do alojamento para contar o ocorrido. Em seguida, registraram ocorrência na delegacia de Seropédica, procuraram a Secretaria de Direitos Humanos do Rio e direção da Rural.
- O pessoal do andar se reuniu com o agressor para criar um argumento típico desses casos de homofobia que é o de assédio sexual. Desde então, o clima tem sido de hostilidade no alojamento - lamenta Rodrigo.
O outro estudante ameaçado diz que quer uma punição:
- Busco justiça. Quero que ele seja expulso do alojamento para que a punição sirva de exemplo.
Ricardo Motta Miranda, reitor da Rural, disse ter conhecimento do episódio e afirmou que uma sindicância foi aberta para apurar o caso.
- Temos um código disciplinar estudantil, e foi criada uma comissão, que está avaliando as medidas a serem tomadas. A Rural não tolera intolerância. Há procedimentos disciplinares para evitar abusos, que vão desde a advertência à expulsão da escola - explica o reitor.
Em outro episódio envolvendo evidente homofobia, uma garrafa foi atirada contra a fachada da Escola Jovem LGBT de Campinas , no interior de São Paulo, na última segunda-feira. Ninguém ficou ferido. Em outubro, pedras já haviam sido atiradas contra a escola e, em março, logo depois da inauguração, um muro foi pichado. A direção da escola anunciou que fará uma campanha de conscientização no bairro residencial onde ela funciona.
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